11 de abril de 2009

Frustação


Você está sozinho.
Você e a torcida do Flamengo.
Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar.
Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha. Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada.

Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver.

Por que o amor nunca chega na hora certa? Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio.

O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina.

Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida.

O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.

O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste.

Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole.

O amor está em todos os lugares, você que não procura direito.

A primeira lição está dada: o amor é onipresente.

Agora a segunda: mas é imprevisível.

Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa.

O amor odeia clichês.

Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza.

Idealizar é sofrer. Amar é surpreender.

Martha Medeiros

Sabe aquele sufoco, aquela sensação que você não sabe explicar?! Tudo decorrente da carência. Não sei se você já se sentiu assim. Se já, sabe bem do que estou falando.
Esse tal amor. Não sei se ele existe para mim.
Talvez eu não tenha reparado direito na fila do banco ou talvez "ele" não seja mesmo para mim.
Maldita carência. Maldita TPM.
Para completar, estou em véspera de completar 23 anos. E a sensação de que não fiz bosta nenhuma da vida está latente.
Frustação, vosso nomo é Flavih.

6 Neurônios comentaram.:

.ana disse...

posso afirmar que sei exatamente o que é isso.
eu sei, de cadeira, o quanto é ruim essa fase. de repente por estar passando por algo do gênero, não sei, pela milésima vez.
a vida é cíclica.
se a gente der um empurrãozinho, com um pouco de força de vontade, conseguimos passar para a próxima fase, sem tanto sofrimento.

mas quem disse que é fácil, né?
na teoria, td é bonitinho. pena que a vida não é exata como a matemática...

beijos!
boa páscoa!

Luan Fernando disse...

A vida é uma loucura, se nós não somos loucos suficientes pra viver ela, nunca seremos felizes. Hoje em dia temos que fazer loucuras, correr atras, lutar pelas as coisas. A vida é assim.

Boa Páscoa.

.: Juliana :. disse...

Belo texto, e realmente o amor pode estar onde menos esperamos. Eu namorei muito tempo, terminei, namorei mais um tempo e hoje estou casada, mas não com o último namorado e sim, com um ex de anos atrás e que morava (mora) no mesmo bairro que eu.

Obrigada pela visita no blog e só agora pude passar aqui.
Vou passar a seguir, muito bom.

Uma ótima quarta.
Beijos.

Mário Sioli disse...

Seu texto me fez lembrar dessa música:

Conspiração Internacional - Kid Abelha

Todo mundo sabe de alguma coisa
Que eu não sei
De um filme que eu não vi
De uma aula que eu faltei
Por mais que eu tente
Eu nunca chego no horário
Eu perco tudo o que eu ponho no armário
Tudo atrapalha o que eu faço
Mas pros outros parece tão fácil
A fila que eu escolho
Vai sempre andar mais devagar
E o troco acaba bem na hora em que eu vou pagar
Se eu me distraio um único instante
Pode apostar que eu perco o mais importante
Tudo atrapalha o que eu faço
Mas pros outros parece tão fácil
Os vizinhos devem rir por trás do jornal
E eu desconfio de um complô
O maior que já se armou
Uma conspiração internacional
Todo mundo acha que o Rio de Janeiro
Não é bonito como foi no passado
Será verdade, será que eu devo acreditar
Quando eles dizem que eu cheguei atrasado
Nunca foi nada perfeito
Mas até que eu gosto assim desse jeito .

Quando o amor de fato chega não importa como a gente esteja tudo muda, tudo se renova, pois o amor se alimenta de desafios e supera tudo, mas para isso é preciso também acreditar para viver feliz e em paz.

Bom texto.
Beijos e um bom dia!

Lia C. disse...

nossa, acho q naum ando procurando o amor muito bem mesmo...
frustração é o que não me falta quando se trata disto.
:P
Beijos!

Ana Paula Borges Pereira disse...

Ah...Cadê o meu amor tmb?
Eu tô me sentindo assim que nem você.